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Mensagens

Mãos frias

Cheguei à conclusão de que o meu corpo deve produzir energia para gelar as minhas mãos (por vezes também os pés e o nariz). Senão, vejamos: a temperatura de um cadáver, como acontece com qualquer objecto inanimado, tende a entrar em equilíbrio com a temperatura ambiente, correcto? Por isso, normalmente arrefece. Para retardar os fenómenos cadavéricos destrutivos é refrigerado. Portanto fica, digamos, geladinho. Se as minhas mãos e demais extremidades conseguem ficar tão ou mais frias que o dito cadáver refrigerado, só pode significar que o arrefecimento não é passivo, mas que o meu corpo gasta energia para esse efeito, em substituição do motor da câmara frigorífica. Certo?
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Leituras de 2018

Estamos a terminar mais um ano. Este tipo de datas não me diz muito, é tão importante mudar de ano como mudar de mês. Cada dia é importante e deve ser valorizado. No entanto, o fim do ano passa um pouco a sensação de final de um ciclo e início de um novo. Podemos então fazer um balanço desse período de tempo, o que correu bem, o que queremos mudar. Há quem estipule lemas ou objectivos para o novo ano. Há quem consiga ser ponderado nessa estipulação e siga o que se propôs. Mas a maioria confunde objectivos com desejos e não consegue ser realista ou suficientemente sistemático e consistente para os concretizar. Por meu turno, faço uma lista de livros que quero ler (claro que também tenho alguns objectivos, como começar a fazer compostagem, ou avançar com o projecto dos metacarpos, mas essa conversa fica para outro dia). Ao longo do ano vou acrescentando títulos que entram no meu radar e no final do ano passo os que não consegui ler para o ano seguinte (neste momento, a lista de 201

A minha relação com os trapos

Tenho uma dificuldade crónica em comprar roupa. Detesto passear em lojas (leia-se: fujo de lojas de roupa como da peste). Tampouco gosto de experimentar roupa, mas não posso comprar sem o fazer graças à minha silhueta curvilínea. Não há muita roupa para figuras ampulheta, pelo menos, que façam o meu estilo (se é que tenho algum). Ou então, não sei procurar, pelo que não a encontro, e tudo me parece caro. É a explicação mais plausível. Cresci numa família onde é habitual a roupa circular e ser reutilizada anos a fio, o que reduz dramaticamente a frequência das compras. Naturalmente isto tem vantagens (ecológicas e económicas, entre outras), mas tem desvantagens (dificuldade no desenvolvimento de um estilo próprio ou de aquisição de competências no momento de adquirir roupa nova). Por este motivo, acumulei quantidades colossais de roupa ao longo dos anos, a maioria das quais não vestia. Mas por algum motivo parecia de mau tom levar de volta roupa que só a mim servia, por exemplo

Pessoas difíceis

Há pessoas difíceis, que trazem ao de cima o pior que há em nós. Todos nós temos momentos em que complicamos, em que somos parvos, em que nem nós nos suportamos. Mas há indivíduos que parecem ter como objectivo de vida infernizar a dos outros. Na verdade, tenho pena dessas pessoas, ainda que normalmente me apeteça esbofeteá-las até que atinem. Creio que estas pessoas são infelizes. Portanto, enquanto os meus colegas desejam que a chefe fique a calçar o pneu de um camião TIR, leve uma carga de porrada ou sofra de disenteria, eu tenho outros desejos para ela. Ainda que acredite que a sua infelicidade esteja mais provavelmente relacionada com o foro pessoal (mas aí não sei o que a faria feliz), prefiro desejar que lhe surja uma oportunidade de emprego fantástica, irrecusável, e que satisfaça todos os requisitos da pessoa em questão. De preferência nos antípodas. Sem ironia.

Rotina da noite

Gosto de rotinas. As novidades são importantes, naturalmente, mas tornam-se mais notáveis se forem pouco frequentes. Há dias li um pequeno texto que falava em acções simples para tornar o serão mais “hygge”. Sim, está na moda e em muitos aspectos não é inovador. Mas reflectir sobre o que podemos fazer para trazer paz e bem-estar para a nossa vida parece-me fundamental. Quando li o tal texto apercebi-me que o meu serão é exactamente aquilo que estava descrito. Ou seja, depois do jantar, depois de deitar a mais pequena e de ter tudo preparado para o dia seguinte, reclino-me no sofá com a minha mantinha, luz do candeeiro de mesa e eventualmente uma vela, um livro ou um programa de televisão, chá de camomila. Fui montando esta rotina com o tempo, e de forma desinteressada fui percebendo o que me fazia sentir bem no final do dia. Permite-me relaxar e conciliar melhor o sono. E é tão simples! Será que toda a gente tem uma rotina da noite, ainda que não se aperceba? Será que está a func

Azedume

Tinha planeado falar de outra coisa, hoje. Mas este assunto já me anda a moer há bastante tempo. O descontentamento laboral. De um modo geral, parece-me que as pessoas andam desencantadas com o estado do país; mais do que o habitual. É normal querermos sempre mais e melhor, mas ultimamente parece que essa postura de carência se exacerbou, possivelmente por se terem feito promessas não concretizáveis. Mas o pessoal gosta de fingir que acredita, precisamos desesperadamente de bóias da marca “Esperança”. Adiante. No meu local de trabalho o descontentamento é gritante. Todos temos muitas razões para isso. Pertenço a uma classe profissional relativamente recente, mas cada vez mais basilar na nossa área de actuação, que é sistematicamente ignorada e preterida em comparação com outros grupos profissionais que nos são próximos. Por questões políticas, claro está. A falta de reconhecimento pelo nosso trabalho deixa-nos, a modos que… danados. E há outros motivos para a nossa tristeza colec